VMB e a música brasileira

Recentemente, como vocês provavelmente ouviram falar (ou será que até mesmo passaram pelo sofrimento de assistir?), aconteceu o VMB.

Sim, aquele Video Music Brasil, que a MTV organiza todo ano.

Após ler dois comentários aqui e aqui, resolvi tecer alguns comentários sobre a “maior festa da música nacional” (as aspas são de ironia, não de citação, okay? =)

Enquanto ocorria a premiação, dezenas de pessoas no twitter comentavam em tempo real, geralmente criticando, para não dizer esculhambando, o evento. A grande maioria delas reclamava o quão absurdo era que aqueles fossem os vencedores, e que o VMB não é mais “aquele”. Pelos comentários, infere-se que o VMB desse ano, por ter sido escrachado, foi ruim, mas antes ele era bom.

Mas, espera… quando ele foi? Vamos falar sério, uma premiação que deixa em aberto para votar pela internet os melhores artistas é totalmente ridícula e absurda. O VMB desse ano é apenas o fim do poço, mas quem não previu isso acontecendo

Porque tem que ter muita ingenuidade de pensar que esse fenômeno é abrupto, e não uma involução processual, uma degradação contínua. Parece que a música brasileira regrediu de tal forma nos últimos dez anos que dá até vergonha de dizer que se escuta algo made in brazil.

Há algum tempo, propus a alguns amigos uma brincadeira: que eles listassem cinco bandas ou artistas nacionais bons que fizeram sucesso em maior escala, surgidos nos últimos 5 anos. Nenhum deles conseguiu. Nem eu. No máximo, 2 ou 3.

E não, não falta coisa boa sendo feita. Falta coisa boa ser consumida. O que vende disco, o que toca nas rádios (e nas festas), o que tá na boca do povo são sempre as maiores porcarias.

Claro, isso é, até certo ponto, normal. Sempre houve, e vai haver, bandas descartáveis, músicas sem compromisso, que agradam as massas pela sua natureza pop: melodias e letras grudentas. Particularmente, sou sempre um dos últimos a ouvir e conhecer esses modismos (até hoje não ouvi, concientemete, uma música inteira de Lady Gaga, Justin Bieber, e outros). Mas nada contra a existência desses fenômenos. São consequencia natural da tentativa de se produzir música de qualidade, especialmente em escala industrial.

Mas quando essas coisas passam a ser o cerne da cultura musical, a ganhar prêmios, como se fossem a melhor coisa que temos a oferecer para o mundo, alguma coisa está muito errada.

Enquanto isso, os artistas suam para gravar seus discos. Divulgam pela internet, tentam se manter apenas fazendo shows, com dificuldade. Muitos só conseguem pois são “apadrinhados” por algum artista mais antigo que ajuda a divulgar, participa dos discos, dos shows….

Saia do lugar comum, pare de ouvir apenas aquilo que é mastigado e oferecido a você. Busque o novo, conheça as alternativas, abra a cabeça. Pare de escutar apenas metal filandês, jazz guatemalteco e lambada filipina.

Revolução musical no país já!

About Igor "Bone" Toscano

Já foi MIB da SJGames, playtester, tradutor, revisor, organizador de eventos locais. Só falta mesmo publicar um jogo.
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6 Responses to VMB e a música brasileira

  1. Cecilia says:

    Sim, confesso me assustei com o VMB! Quando eu via os indicados só lembrava dos anos que participava artistas de verdade e existia a escolha da audiência. Mas concordo contigo, tem muita coisa boa sendo feita, mas não divulgada ou consumida em massa.

  2. Bárbara says:

    Eu nem vejo VMB. Acho que nunca vi…

  3. CarOL MaRiNhO says:

    De fato, o VMB foi uma porcaria mesmo esse ano.
    Onde já se viu Justin Bieber e Restart ganharem tantas premiações como ocorreu esse ano?
    Definitivamente é o fim do mundo!!!
    Não é a toa que cada dia que passa estou mais e mais cansada dessa de toda essa manipulação em massa que não está nos levando a lugar nenhum..
    E realmente.. também concordo com você.. gente boa de serviço é o que não está faltando..o problema é a divulgação, a dificuldade de conseguir verba, entre outros…

  4. /lw says:

    Uai, creio que antigamente apenas o “Escolha da audiência” era um prêmio eleito pelo público.

  5. Pingback: Nerdice

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